Prédio no Sudoeste vai na contramão da proibição e incentiva brincadeiras

Bloco passa longe da polêmica que proibiu brincadeiras em um pilotis na Asa Sul e tem até síndico mirim

Carlos Vieira/CB/D.A Press

Nesta última semana, veio à tona a proibição de brincadeiras infantis nos pilotis de vários prédios de Brasília. Em uma quadra do Sudoeste, porém, a história é bem diferente. No Bloco A da 304, além da eleição para síndico, há votação para escolher o síndico mirim. O escolhido leva ao gestor do condomínio as demandas das crianças. E os pedidos, na medida do possível, são atendidos. Uma mesa de pingue- pongue e uma cama elástica pequena foram compradas, o parquinho de areia passou por reforma e ainda será construído um campinho de futebol. Quem visita o bloco durante a tarde pode ouvir o som da garotada se divertindo longe de celulares e videogames, recursos tão conhecidos e usados por essa geração.

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A decisão de criar o cargo, mesmo que simbólico, de síndico-mirim foi da síndica do bloco, Giselda Maria Pedrosa Liberal, 70 anos. Antes da gestão dela, que começou em 2015, as crianças não tinham permissão (e liberdade) para ocupar os pilotis — ordem que não estava escrita e documentada no regimento interno do bloco, mas era seguida informalmente. Ela resolveu, então, dar voz aos cerca de 25 pequenos que moram no prédio. “A presença das crianças revigora a alma. Elas precisam curtir a infância, e cabe aos adultos proporcionar isso. É uma prioridade para mim”, comenta Giselda, avó de 11 netos. Em datas comemorativas, como Dia das Crianças e Natal, ela organiza eventos para reunir os moradores do condomínio. O próximo encontro marcado será o carnaval, com música, fantasia e muita serpentina para agitar o feriado da meninada.

Candidato mirim eleito, José Jeovah, 11 anos, é estudante do 6º ano e divide as obrigações escolares com o compromisso estabelecido com o condomínio. Ele foi o escolhido após Giselda anunciar, em assembleia, que abriria espaço para uma criança gerir o prédio ao lado dela. Sem pestanejar, José se prontificou a representar os colegas. “Eu queria ajudar nas melhorias que a síndica tinha proposto para o prédio e melhorar a qualidade de vida das crianças daqui”, diz. Após a eleição, ele se reuniu com as outras crianças para saber o que podia ser feito. O novo síndico e seus ajudantes escreveram uma carta a Giselda com algumas demandas, como a reforma do parquinho de areia, a compra de uma mesa de tênis de mesa e um pula-pula para os menores.

“Imediatamente depois que ela assumiu (como síndica), a gente passou a descer para brincar de pique-pega e esconde-esconde. A gente está muito mais unido. Eu conheci muitos amigos descendo para debaixo do bloco”, comemora. De acordo com o garoto, os pais apoiaram sua decisão e, inclusive, gostam que se envolva com o condomínio. A única exigência deles — e de Giselda — era que José melhorasse o boletim. “Não queriam que eu começasse a piorar na escola. E minha notas não estavam tão boas também”, explica, meio envergonhado.

Ao lado de José, Bruno Malveira, 11, é o subsíndico mirim do bloco. Quando soube que o amigo se candidataria, imediatamente pediu para acompanhá-lo. Eles se dividem na rotina de verificar o bom andamento do condomínio e a preservação das novas aquisições. “Às vezes, quando José está estudando, eu desço para conferir se a porta do salão de festas está destrancada, se as torneiras estão bem fechadas e se as outras crianças estão fazendo só o que é permitido debaixo do prédio”, diz, orgulhoso. As únicas proibições em relação aos pilotis são jogar bola alto, como queimada, futebol e vôlei, e usar tinta no chão sem um papel ou proteção — medida para evitar que manche o piso.


Fonte: CB

Emerson Tormann

Técnico Industrial em Elétrica e Eletrônica com especialização em Tecnologia da Informação e Comunicação. Editor chefe na Atualidade Política Comunicação e Marketing Digital Ltda. Jornalista e Diagramador - DRT 10580/DF. Sites: https://etormann.tk e https://atualidadepolitica.com.br

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