Administração condominial exige profissionalização

A expansão da vida em condomínios, cada vez maiores e com mais áreas de uso comum, exige dos síndicos mais tempo, disposição e profissionalismo. Eles são os responsáveis por controlar as despesas e contratar fornecedores de bens e serviços, além, de claro, administrar o dinheiro que é de todos

Parece fácil? É, mas por movimentar muito dinheiro, gera desvios e propinas.

A função, que passou a ser conhecida como síndico profissional, é eletiva. O profissional é escolhido por uma assembleia de condôminos do mesmo modo que o síndico morador e é obrigado a cumprir o que prescreve o CCB, em seu artigo 1.348, que menciona suas responsabilidades. “O CCB não diferencia o síndico morador do profissional”, diz o diretor da Escola de Síndicos, Adm. Vanderlei Aragão Rocha. Ele explica que a contratação deste tipo de serviço começou em 2002 com a reforma do Código Civil Brasileiro. Até esta data, a Lei 4.591, que deu origem a regulamentação dos condomínios, não permitia síndico que não fosse proprietário. “Como não é profissão regulamentada, qualquer pessoa pode constituir uma empresa e emitir nota fiscal referente a serviços prestados de síndico profissional. Não há tabela de honorários, nem tão pouco um sindicato ou instituição a quem os condomínios possam recorrer caso sejam cometidas irregularidades”, explica.

Nesta situação, ao contratar um síndico-administrador, o condomínio ganha em competência, já que o profissional tem o conhecimento, e em segurança, pois o Conselho de Administração é o órgão oficial para receber as denúncias de irregularidades cometidas por profissionais registrados. “Muitos pensam em regulamentar a função de síndico profissional. Será mais um sindicato, mais uma estrutura, mais uma burocracia a serviço de oportunistas. Quando se pode ir por um caminho mais fácil e correto: contratar um Síndico-Administrador”, sugere Aragão.

Neste sentido, o presidente do CRA-RS, Adm. Valter Luiz de Lemos, destaca que o gerenciamento condominial tornou-se ainda mais complexo pela abrangência da atividade e setores que o envolvem. “Além disso, há uma sobrecarga das obrigações de ordem fiscal e legal. Dessa forma é preciso oferecer especializações sobre o assunto para que um Administrador ocupe essa função”, aponta, referindo-se ao curso Sindico-Administrador promovido em parceria entre o CRA-RS, ADM-RS e Escola de Síndicos, que tem início no dia 19 de agosto. Ele destaca ainda a importância da inserção do profissional neste mercado produzido pela sociedade moderna. “Com a profissionalização será possível a sociedade escolher entre o profissional e o leigo, o conhecimento certificado e a falta dele, assim como a ética e a não ética”, ressalta.

Vicenta Solaz de Arruda mora em um condomínio de 28 apartamentos do bairro Santa Cecília, em Porto Alegre, que tem síndico profissional há três anos. Ela, o falecido marido e o casal de filhos, que residem em outros apartamentos no mesmo prédio, já assumiram a função e preferem o modelo externo. Vicenta vive no local há quarenta anos e neste período viu muitos problemas, como desvio de dinheiro e sumiço de registros por parte de síndicos moradores. Além disso, quando a família assumia a função, não sentia um retorno adequado ao empenho. “A gente dava a vida pelo edifício e não tínhamos retorno. Quando mandamos embora um mau zelador, muita gente se revoltou”, recorda. Para ela, após a contratação de síndicos profissionais, tudo se tornou mais calmo. “É muito melhor. O síndico vem três vezes por semana e tem um assessor. Resolve todos os problemas, desde os transtornos com animais de estimação até os trâmites das reformas”, comemora.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem
Canaã Telecom

Formulário de contato