Gestão que vai muito além do "Chame o Síndico"
Se você ainda imagina o síndico como aquele senhor aposentado que apenas paga as contas do prédio, precisa atualizar seus conceitos. Em um bate-papo franco e revelador, Fernanda mostrou que a sindicatura moderna é uma gestão de alta complexidade que envolve leis, engenharia, psicologia e, acima de tudo, uma dose cavalar de inteligência emocional.
"Cachorro, Cano e Criança"? O Buraco é Mais Embaixo
No imaginário popular, os problemas de condomínio se resumem à famosa teoria dos três "Cs": Cachorro, Cano e Criança. Mas Fernanda adverte que o verdadeiro desafio é a gestão de pessoas.
"O condomínio é um organismo vivo, não para", destaca a convidada. A complexidade aumenta quando se trata de condomínios mistos, onde o sossego do lar colide com a agitação do comércio. Fernanda relembrou um caso emblemático em Brasília onde um barzinho, que começou pequeno, cresceu a ponto de invadir o silêncio dos moradores, resultando em uma longa batalha judicial para a retirada do estabelecimento.
O Nu, o Trágico e o Inusitado
Durante a entrevista, o lado anedótico da profissão veio à tona, provando que a realidade supera a ficção. Um dos casos mais curiosos citados por Quelem e comentados por Fernanda envolveu um condômino português que decidiu nadar nu na piscina do prédio com o filho. A justificativa? "Lá em Portugal pode". O caso exigiu intervenção jurídica para explicar que, apesar dos costumes europeus, a lei brasileira (e o pudor) falavam mais alto.
Porém, nem tudo são risadas. A responsabilidade do síndico pode ter contornos dramáticos. Fernanda relatou um episódio impactante onde um grupo de moradores conseguiu uma liminar judicial para impedir a poda de árvores no condomínio, alegando crime ambiental. Dois dias após a proibição, uma ventania derrubou as árvores sobre os carros, gerando prejuízos enormes que não puderam ser imputados ao síndico, pois ele estava de mãos atadas pela justiça.
A Solidão do Poder e o Peso Emocional
Talvez o ponto mais tocante da conversa tenha sido sobre a carga emocional que esses gestores carregam. Fernanda compartilhou a história triste de um síndico, ex-militar, que sofreu tanto com acusações injustas durante sua gestão que, ao entregar o cargo e "passar a pasta" às 3 da manhã, sofreu um infarto e faleceu dias depois.
"A sindicatura é muito solitária", desabafa Fernanda. É comum o gestor lutar contra uma comunidade inteira para fazer o que é certo, muitas vezes sem reconhecimento. Por isso, ela coordena hoje o curso "Síndicos Diamante", focado não apenas na técnica, mas no suporte emocional e na criação de uma rede de apoio para que esses profissionais não se sintam isolados.
O Novo Perfil do Síndico
Com Brasília envelhecendo e seus prédios de 60 anos exigindo reformas estruturais complexas, a era do amadorismo acabou. O síndico hoje responde civil e criminalmente por um CNPJ, precisa entender de normas técnicas para instalação de carros elétricos e lidar com conflitos de vizinhança que vão de barulho de salto alto a casos de violência doméstica.
Ao final do episódio, fica claro que Fernanda Champoski não apenas administra edifícios, mas atua como uma mediadora de convivência em um mundo cada vez mais vertical. Para quem vive em condomínio, a lição é clara: antes de reclamar do barulho no andar de cima, lembre-se que do outro lado há um gestor tentando equilibrar pratos em meio a um furacão.
Assista ao episódio completo e descubra mais histórias dos bastidores da vida em condomínio:
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